03/02/2020

Jojo Rabbit (2020)

         
          O ponto de partida para “Jojo Rabbit” deve ter sido, no minimo, desafiante. Afinal, estamos a falar de um filme sobre um rapaz alemão de 10 anos, que tem Hitler como amigo imaginário. Mas o realizador Taika Waititi já nos provou surpreender com outras entregas. Juntamente com todas as nomeações que o filme já teve, parece que estamos perante mais um grande filme. 
           Facilmente podíamos estar perante o típico drama passado durante a Segunda Guerra Mundial. Com Waitit,i como realizador, isso felizmente não acontece. Se um momento dramático perdura durante muito tempo, rapidamente roda logo para comédia, que tem uns momentos para brilhar, para logo depois passar para drama de novo. Estas transições não são feitas de qualquer maneira, super encaixadas nos momentos necessários. 
           Se havia uma coisa que estivesse à espera era uma presença mais forte do Hitler imaginário (interpretado pelo próprio Waititi). Não que seja uma presença insignificante, mas não é tão presente como esperava. Serve para representar o fanatismo que é incutido às crianças e vai mudando a sua postura à medida que o pequeno Jojo também vai tendo cada vez mais dúvidas sobre aquilo em que acreditar.
           Roman Griffin Davis, que interpreta o pequeno nazi, faz uma interpretação muito boa, dando corpo a alguém que acredita no nazismo com todo o seu coração, incluíndo todas as absurdidades que lhe são ensinadas sobre os judeus. Tudo muda após conhecer a judia que a sua mãe escondeu em casa, que o faz questionar sobre o mundo onde vive e quem ele é. Todas essas características  foram impecavelmente transmitidas, muito pela química que tem com Thomasin McKenzie, que tem de estar sempre escondida, sem saber se vai viver até ao fim do dia. 
            Mas não é só este trio que tem protagonismo. Scarlett Johansson - que, inclusive, está nomeada para o Óscar de melhor atriz secundária - também tem alguns bons momentos emotivos, onde tenta mostrar ao filho que a vida deve ser vivida com amor e não com ódio. Sam Rockwell, Stephen Merchant e Rebel Wilson também fazem uma boa aparição, acrescentando comédia ao filme.
“Jojo Rabbit” deve ser visto como uma paródia deste tempo, e de como o ódio é ensinado aos mais novos, e não como algo que veio como eles. Um filme que deve ser visto e mostrado aos outros, que consegue aliviar um pouco do peso que os filmes que retratam esta época costumam trazer. 

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