Este ano tivemos direito ao
oitavo filme de Quentin Tarantino e, como grande fã do realizador, eu não podia
estar mais entusiasmado. Foi com alguma surpresa que, na altura das nomeações
para os Óscares, constatei que o filme não tivesse sido um dos escolhidos para
a categoria de melhor filme. Lá conseguiu três nomeações e agora chegou a
altura de verificar se “Os Oito Odiados” merecia mais atenção do que aquela que
teve.
Um caçador de recompensas e a
sua prisioneira são obrigados a ficar numa cabana cheia de personagens que não
aparentam ser o que são. Quem vai sair vivo deste encontro?
O realizador decidiu voltar a
fazer um western, só que este não podia ser mais diferente de “Django
Libertado”. Enquanto um tinha mais cor e grandes doses de acção, este é mais
contido, dando lugar a mais diálogos intensos e momentos de ação apenas
momentâneos. Como não podia deixar de ser, estas ocasionais cenas de acção têm
a brutalidade característica do realizador, por isso gente que não goste de ver
sangue nem coisas a explodir é capaz de passar um mau momento.
E os diálogos, visto que são o ponto
central do filme, convinham que fossem de qualidade, não é? Aí Tarantino não
costuma desiludir, voltando a provar que consegue escrever grandes e intensos diálogos,
que conseguem prender sempre a atenção de quem está a assistir, com várias
referências ao recente fim da Guerra Civil. Mas mesmo que o argumento seja
muito bom não interessa se a as interpretações não nos convencerem. Nesse
departamento, não podíamos estar melhor servidos; é verdade que Jennifer Jason
Leigh teve uma nomeação para melhor atriz secundária (embora ache
que talvez não tenha sido totalmente merecido, não que não tenha sido uma boa
prestação, mas nada de extraordinário), mas deixar Samuel L. Jackson de
qualquer tipo de reconhecimento é praticamente um crime, pois o ator faz uma
prestação incrível, a fazer de um caçador de recompensas que não é tudo o que
aparenta ser.
Não que o resto do elenco esteja
lá só para ocupar espaço. Todos têm os seus bons momentos. Tim Roth está
hilariante, Kurt Russell tem um grande desempenho e até a pequena participação de Channing Tatum
consegue valer a pena.
Só que isto não é tudo um mar de
rosas. Como é habitual, o realizador entregou-nos um filme com uma duração
considerável. E, por vezes, tal é compreensível, mas agora haviam várias cenas
que podiam ter tido uma duração mais reduzida, pois parece que apenas estão lá
para encher, quando não havia necessidade para tal. Também não vai ser desta
vez que quem não gosta dos filmes de Quentin Tarantino vai mudar de opinião, já
que está dentro do mesmo estilo (e também dificilmente irá mudar).
Mais um grande filme para a
coleção do realizador e que, de certeza, merecia mais atenção do que teve nas
nomeações dos Óscares.
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