30/12/2021

Matrix Resurrections (The Matrix Resurrections - 2021)

          A sério que isto tinha mesmo que acontecer? Atenção, quando anunciam uma sequela para uma saga antiga, geralmente não me incomoda nem um pouco. Se for bom, ótimo, se não o for, não estraga os filmes que vieram antes. Só que, quando soube deste “Matrix Resurrections”, fiquei algo perplexo. Não porque não achasse que o universo tivesse muito para oferecer, mas sim por ser uma continuação direta de “Matrix Revolutions”. Além disso, algumas personagens mantêm os mesmos atores que filmes anteriores, e outros têm direito a caras novas. Já para não falar que já não ia ser realizado pelas irmãs Wachowski, mas apenas por Lana Wachowski, e os seus últimos filmes não têm sido propriamente os melhores. Mas a esperança é eterna, por isso vamos lá ver isso.
          Thomas Anderson é um programador de jogos, conhecido por ter criado a trilogia “Matrix”. Mas, durante a sua vida quotidiana começa a duvidar daquilo que é realidade ou não. E, deste modo, vai ter de voltar a escolher entre o comprimido azul e vermelho.
          Sinceramente, o filme deixou-me desapontado. Não estava à espera da mesma revolução que foi o primeiro filme mas, mesmo assim, deixou muito a desejar. É que desde 1999 muitas das ideias que “Matrix” apresentou foram retratadas e mais exploradas noutros filmes. A cultura cinematográfica nesta altura não é a mesma que na altura, por isso, as poucas “grandes ideias” que o filme apresenta não são nada de especial e já foram melhor desenvolvidas noutros filmes do género. E tentar fazer sempre afirmações meta não é um bom sinal.
          Mas bem, se não é pelas ideias que o filme nos leva, será que temos cenas de ação de qualidade iguais ou melhores que os anteriores? Também não é aqui que vamos ter a nossa salvação, já que foram adotadas algumas tendências que são prevalentes nos filmes de ação de hoje, com as cenas a serem demasiado editadas e não apresentarem uma boa coesão.
          Pode parecer que estou a julgar demasiado o filme tendo em conta os anteriores, mas tenho duas boas razões para o fazer. Primeiro: é inevitável. Quando sai um novo filme dentro de uma saga, o mais normal é compará-lo com os seus antecessores, quer tenham estreados há dois ou há vinte anos. Segundo: o próprio filme está constantemente a fazer referência àquilo que veio atrás, principalmente ao primeiro filme. E este é mais um ponto negativo que tenho a vos apresentar! De x em x tempo mostra-nos imagens dos filmes anteriores, como que a nos obrigar a fazer a relação entre o que estamos a ver e o mesmo elemento nos filmes anteriores. Não precisamos que nos lembrem constantemente do que aconteceu para trás, por exemplo quando nos mostram o novo Smith, mostram logo depois uma imagem de Hugo Weaving, como se não fosse possível fazermos a ligação por nós e precisamos de um auxílio visual. Para ser totalmente honesto, o filme tenta fazer isto ser relevante para a história mas, para mim, falha redondamente na tentativa.
          As personagens não são más, nem temos más interpretações, desde os regressados Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss, até às novas adições como Yahya Abdul-Mateen II, Jonathan Groff, Jessica Henwick e Neil Patrick Harris. O maior problema é mesmo o argumento.
          Muito do filme trata-se ao mesmo tempo de um remake e de uma sequela, pois muitas das ideias do primeiro filme voltam a ser batidas aqui, só que agora já não têm tanto impacto e interesse. Aliás, a dada altura fala-se de uma guerra civil entre as máquinas e pareceu-me bem mais interessante do que aquilo que tivemos. E a justificação para voltar a trazer Neo e Trinity é simplesmente muito parva.
          Ninguém pode negar o efeito que “Matrix” teve na cultura em geral, mas o regresso a este mundo foi francamente fraco, e espero que fiquemos por aqui.


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