05/01/2020

O Irlandês (The Irishman - 2019)

          Netflix tem ganho cada vez mais força no departamento de filme originais, mas até agora faltava aquele grande nome, com um grande projeto, para trazer alguma “credibilidade” a todo o serviço. “Roma” o ano passado foi um bom início para isso mas agora é preciso continuar. E para isso temos Martin Scorsese a realizar o trio de Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci para fazer isso acontecer.
Aqui temos Frank Sheeran a contar-nos a sua história, desde que entrou no mundo do crime como um assassino.
Gosto muito de Scorsese e dos seus filmes, mas este para mim foi um grande não. Antes de mais são três horas e meia de filme, que são incrivelmente excessivas. É que não tenho nada contra a duração em si, só que tem de ser bem aproveitada, o que aqui não é o caso. Há várias seções que podiam ter sido encurtadas e dessa forma o ritmo do filme teria sido muito favorecido.
Outra coisa foi o CGI para transformar o trio de protagonistas nas suas versões mais novas. E nesse departamento acho que o filme foi bem-sucedido, pelo menos durante a maior parte do tempo, e com o passar do tempo esta tecnologia só vai melhorar. Só que agora apareceu um problema novo. É verdade que De Niro não parece ter quase 80 anos, só que ele se mexe como alguém com quase 80 anos. E, numa cena ou outra que envolve mais movimento, isso nota-se bem.
Mas uma coisa que “O Irlandês” prova é que todos os atores ainda estão em boa forma e conseguem entregar grandes interpretações. Principalmente Joe Pesci, que já praticamente não vemos em nenhum projeto, o que é uma grande pena. O encontro entre todos os titãs do cinema foi tudo aquilo que podíamos esperar, nenhum deles rouba o destaque ao outro e todos têm bons momentos para se destacar. A única crítica é que já os vimos em filmes semelhantes, não são papéis novos que envolvam uma grande transformação por parte dos atores. O bem que pode ser essa a justificação de ninguém estar a prestar muita atenção a De Niro nesta altura de nomeações para prémios.
Estamos habituados a ver filmes longos por parte de Scorsese, só que isso nunca comprometeu o seu ritmo e toda a ação nos deixa presos aos acontecimentos e sempre com vontade de ver o que vem a seguir. Só que aqui parece que ninguém lhe meteu um travão e assim pode fazer o seu épico de gangsters que sempre quis, só que infelizmente isso comprometeu o filme em geral. 
“O Irlandês” não é um mau filme, tem grandes interpretações e grandes inovações tecnológicas, só que é prejudicado pela sua excessiva duração.

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