02/11/2019

Doutor Sono (Doctor Sleep - 2019)

    Alguém estava à espera de uma sequela do “The Shining” depois de quase 40 anos da sua estreia? Eu não e, de certeza, que muita gente também foi surpreendida. Esse sentimento juntou-se ao receio de que o realizador Mike Flanagan não conseguisse fazer jus à obra de Stanley Kubrick.
    Passaram-se vários anos desde os acontecimentos passados no Hotel Overlook e seguimos agora a vida adulta de Dan Torrance, com ele a tentar lidar com os seus poderes. Ao mesmo tempo, um culto chamado The True Knot anda a caçar pessoas com poderes semelhantes aos de Dan, de maneira a continuarem imortais.
    A única semelhança mais óbvia com o clássico de Kubrick é a banda-sonora, que continua tenebrosa e tensa. De resto, Flanafan não tenta imitar Kubrick e torna “Doutor Sono” um filme seu. Podia era tê-lo feito um pouco mais curto. Com duas horas e meia de duração, o filme arrasta-se um pouco na parte final, com a última grande cena devia ter sido tratada de outra maneira.
    Uma caraterística deste filme é que nos liga mais a todas as personagens e com os seus destinos. Por outro lado, sofre de um mal que se estende à grande maioria dos filmes de hoje: uso excessivo de efeitos especiais. Devido à própria natureza do filme em si, iria necessariamente de ter de recorrer a mais efeitos, nomeadamente em termos de todos os poderes sobrenaturais das personagens envolvidas.
             Outra coisa que foi retirada foi a sensação de impotência. Neste universo tanto Dan como Abra estão numa escala de poder tão elevada, que parece que os nossos vilões não representam nenhuma ameaça válida. Não quero dizer com isto que não temos momentos assustados no filme. Porque os há, e até em maior quantidade que o filme de 1980. 
             Uma das coisas que achei mais interessante foi que passamos a conhecer o futuro de Dan, após os acontecimentos traumáticos por que teve que passar. Passou anos e anos a mergulhar no mundo do álcool, como forma de adormecer os seus poderes, e não ter que voltar a vivenciar todos os horrores. Mas ver a sua jornada ao longo do filme foi algo de muito satisfatório, e se há alguém que é capaz de trazer isso ao grande ecrã é Ewan McGregor. A jovem Kyliegh Curran , que interpreta Abra, também é uma boa adição ao elenco, sempre com uma grande confiança à medida que descobre os seus poderes. Rebecca Ferguson ficou muito bem como vilã do culto de sugadores de vitalidade. Consegue criar uma presença aliciante e maligna sempre que aparece, o que me deixa com vontade de ver a atriz em mais papéis deste género.
             É um pouco injusto comparar “Doutor Sono” com a sua prequela, visto que vieram em alturas muito diferentes. E tendo em conta os filmes de terror de ultimamente, estamos perante um filme bastante bom, com grandes cenas de terror é um maior desenvolvimento das personagens. Só peca pela excessiva duração e uso de efeitos especiais.

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