Quer se
queira quer não, o primeiro filme da “Mulher Maravilha” tem uma grande
responsabilidade em cima. Até agora, os filmes do universo da DC têm dividido
sempre a crítica (até tenho gostado deles mas também sei que têm defeitos) mas,
mesmo assim, continuam a fazer uns bons trocos. No entanto, falta aquele filme
que é adorado pela maior parte das pessoas. E, assim, cabe ao primeiro filme a
solo de uma super-heroína fazê-lo, pelo menos nesta nova era de filmes de
super-heróis.
Pode parecer incrível mas foram precisos mais
de 75 anos para a primeira super-heroína ter direito a um filme a solo. É neste
que estão depositadas as esperanças para futuros filmes com protagonistas. Com
uma realização com Patty Jenkins, que fez com que Charlize Theron ganhasse o
seu Óscar em “Monstro”, a coisa pode correr bem. De facto, a Mulher-Maravilha
foi um dos pontos fortes, em “Batman v Superman - O Despertar da Justiça”, com
a sua breve aparição. Por outro lado, Gal Gadot não me parece ter sido uma
grande escolha, principalmente se virmos o que fez em filme anteriores, como
“Velocidade Furiosa 6”, mas pode ser que seja aqui que a minha opinião mude.
Antes de ser a Muher Maravilha,
ela era Diana, a princesa das amazonas e uma guerreira. Mas, quando um piloto
cai nas águas da sua ilha paradisíaca e lhe conta sobre a Grande Guerra que se
passa no exterior, Diana sai de casa para ajudar a humanidade e assim descobrir
o seu destino.
E é desta que temos uma história
de origem que deve agradar a gregos e a troianos. Não é uma história que
reinvente a roda mas, visto que, até agora, a DC não tem tido muita sorte, uma
história familiar mas muito bem executada era exatamente o que era preciso.
Gal Gadot conseguiu fazer um grande
trabalho nesta personagem. Nas cenas de ação, já sabíamos que a atriz tinha uma
grande presença e foi uma agradável surpresa saber que também se safa bem nas
cenas mais dramáticas. Não é alguém que faça uma interpretação merecedora de
Óscar mas, mesmo assim, consegue cumprir com o pretendido. Consegue personificar
a transformação de alguém que pensa que todos os males do mundo são
consequência do envolvimento de Ares, para alguém que toma consciência que
todos temos a capacidade para o bem e para o mal.
A personagem de Chris Pine (Steve
Trevor) podia correr muito mal de duas maneiras. Num filme com uma
protagonista, uma realizadora e num movimento feminista cada vez mais
emergente, Pine podia facilmente ter sido quase como um “escravo” trapalhão que
apenas estaria lá para fazer enaltecer ainda mais a super-heroína. Por outro
lado, podia tornar-se a personagem principal, sobrepondo-se aquela que
realmente interessa. Mas nada disto aconteceu! Steve Trevor está incrivelmente
bem representado, é um espião extremamente capaz e inteligente porém, mesmo
sendo claro que não possui os poderes da Mulher Maravilha, não é
rebaixado.
E todo este trabalho extremamente
bem-executado deve-se à extraordinária realização de Patty Jenkins, que
conseguiu traduzir muito bem a personagem dos comics para o grande ecrã. É
verdade que se trata de mais uma história de origem, mas tem coisas suficientes
para se conseguir destacar, como o ambiente da Primeira Guerra Mundial. O filme
tem uma grande energia e algumas referências ao primeiro “Super-Homem” de
Richard Donner. No entanto, volta-se a cair no mesmo erro que afeta quase todos
os filmes da Marvel : o vilão não é memorável e a grande luta do terceiro ato
foi um pouco exagerada de mais.
Não podemos deixar de salientar a importância
de “Mulher Maravilha”, tanto para os filmes com protagonistas, como “Batgirl” e
“Captain Marvel”, como para o universo cinematográfico da DC, que assim nos faz
entrar com um pouco mais de confiança para a “Liga da Justiça”.
“Mulher Maravilha” pode não ser
melhor que “Logan”, mas mesmo assim consegue ser um grande filme, com uma enorme
importância.
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