Desde “Apocalipto”
que Mel Gibson está enfiado na “prisão dos realizadores”, por causa de alguns
comentários que fez, mas esta não é a pessoa que interessa aqui. No foco, temos
sim o realizador, e nessa parte ninguém pode dizer que não tem jeito para a
coisa. E agora, com seis nomeações para as estatuetas douradas, será que
estamos perante grande um grande filme de guerra, como já não vemos há algum
tempo?
Durante a
Segunda Guerra Mundial, Desmond Doss decide contribuir para o seu país e
alista-se como médico do exército. O senão é que a religião de Doss o impede de
pegar em armas e tirar vidas, fazendo com que tivesse de passar por uma
tremenda guerra sem disparar um único tiro.
“O Herói de
Hacksaw Ridge” consegue o feito de não pender demasiado para nenhuma parte da
balança. Nem para o lado de Desmond Doss e da sua religião de não matar – por
nem sequer pegar numa arma -, nem para o lado do exército – sim, porque está-se
em guerra e é preciso sujar as mãos. Dá para ter uma noção dos dois lados, sem
haver a necessidade de pôr um num patamar superior ao outro.
Na primeira
metade do filme, é-nos apresentado o protagonista, a sua família, as suas
interações com ela e o modo como a religião afeta a sua vida. Depois entra para
a recruta e podemos ver a reação de incredulidade e descrença de todos aqueles
com que entra em contacto mas, mesmo assim, o nosso protagonista não vacila nas
suas convicções. Depois, na segunda metade, passamos para o cenário de guerra
contra os japoneses, onde o objetivo é tomar de assalto e conquistar Hacksaw
Ridge. E, se se lembram como Gibson filma estas cenas, já sabem que são brutais,
com grande violência porém sem nunca cair no espetáculo fortuito, mas sim com
um grande tom de realismo.
E, para
interpretar o incrível protagonista, temos Andrew Gardfield, que nos presenteou
com uma das suas melhores interpretações até à data. Nunca vacila naquilo em
que acredita, mesmo quando todos lhe dizem o contrário, e dá corpo à incrível
força de espírito para entrar no campo de batalha sozinho e desarmado para
salvar os muitos feridos espalhados. Ver Vince Vaughn sem ser num papel cómico
é estranho no início mas, passado pouco tempo, facilmente se leva este sargento
a sério. Hugo Weaving, como o pai alcoólico que sobreviveu à Primeira Guerra
Mundial, tem uma breve mas poderosa aparição, e Sam Worthington tem sempre uma
boa interpretação quando está num papel secundário. Teresa Palmer, como o
interesse romântico do protagonista, serve para lhe dar mais força e para ter
algo mais porque lutar.
“O Herói de
Hacksaw Ridge” é, para mim um dos grandes filmes desta temporada de prémios,
com uma grande realização, excelentes interpretações, um incrível ambiente e cenas
de ação e tudo com uma banda-sonora que está no ponto.
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