03/02/2017

O Herói de Hacksaw Ridge (Hacksaw Ridge - 2016)




            Desde “Apocalipto” que Mel Gibson está enfiado na “prisão dos realizadores”, por causa de alguns comentários que fez, mas esta não é a pessoa que interessa aqui. No foco, temos sim o realizador, e nessa parte ninguém pode dizer que não tem jeito para a coisa. E agora, com seis nomeações para as estatuetas douradas, será que estamos perante grande um grande filme de guerra, como já não vemos há algum tempo?
            Durante a Segunda Guerra Mundial, Desmond Doss decide contribuir para o seu país e alista-se como médico do exército. O senão é que a religião de Doss o impede de pegar em armas e tirar vidas, fazendo com que tivesse de passar por uma tremenda guerra sem disparar um único tiro.
            “O Herói de Hacksaw Ridge” consegue o feito de não pender demasiado para nenhuma parte da balança. Nem para o lado de Desmond Doss e da sua religião de não matar – por nem sequer pegar numa arma -, nem para o lado do exército – sim, porque está-se em guerra e é preciso sujar as mãos. Dá para ter uma noção dos dois lados, sem haver a necessidade de pôr um num patamar superior ao outro.
            Na primeira metade do filme, é-nos apresentado o protagonista, a sua família, as suas interações com ela e o modo como a religião afeta a sua vida. Depois entra para a recruta e podemos ver a reação de incredulidade e descrença de todos aqueles com que entra em contacto mas, mesmo assim, o nosso protagonista não vacila nas suas convicções. Depois, na segunda metade, passamos para o cenário de guerra contra os japoneses, onde o objetivo é tomar de assalto e conquistar Hacksaw Ridge. E, se se lembram como Gibson filma estas cenas, já sabem que são brutais, com grande violência porém sem nunca cair no espetáculo fortuito, mas sim com um grande tom de realismo.
            E, para interpretar o incrível protagonista, temos Andrew Gardfield, que nos presenteou com uma das suas melhores interpretações até à data. Nunca vacila naquilo em que acredita, mesmo quando todos lhe dizem o contrário, e dá corpo à incrível força de espírito para entrar no campo de batalha sozinho e desarmado para salvar os muitos feridos espalhados. Ver Vince Vaughn sem ser num papel cómico é estranho no início mas, passado pouco tempo, facilmente se leva este sargento a sério. Hugo Weaving, como o pai alcoólico que sobreviveu à Primeira Guerra Mundial, tem uma breve mas poderosa aparição, e Sam Worthington tem sempre uma boa interpretação quando está num papel secundário. Teresa Palmer, como o interesse romântico do protagonista, serve para lhe dar mais força e para ter algo mais porque lutar.
            “O Herói de Hacksaw Ridge” é, para mim um dos grandes filmes desta temporada de prémios, com uma grande realização, excelentes interpretações, um incrível ambiente e cenas de ação e tudo com uma banda-sonora que está no ponto.


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