17/05/2021

O Pai (The Father - 2021)

          Pelos vistos toda a gente ficou muito admirada por Anthony Hopkins ter ganho o Óscar de melhor ator, em vez de Chadwick Boseman: acredito mais que 99% das pessoas que ficou chocada nem sequer viu “O Pai”, porque senão se calhar o choque não tinha sido tão grande. É verdade que, à primeira vista, pode não ser o filme mais interessante à primeira vista mas isso não podia estar mais longe da verdade.
          Anthony é um homem que recusa ser ajudado pela sua filha, à medida que está a envelhecer.
          O filme mostra - e de uma maneira muito eficaz - o mundo através dos olhos de alguém que está a entrar num estado de demência, em que se perde noção das horas do dia, daqueles que moram na mesma casa e das atividades diárias. E o mesmo se passa connosco, espetadores, que estamos a seguir o mesmo raciocínio que o protagonista e que nos deixa sempre na dúvida: “quem é mesmo a filha dele?” “Em que altura da vida dele isto tudo se está a passar?” “Afinal em que casa é que estamos?”
          Tudo isto nos deixa desconcertados e, ao mesmo tempo, envolvidos e desta maneira o realizador Florian Zeller deixa-nos sempre presos a tudo o que está a acontecer. E tudo isto brilhantemente representado por um incrível Anthony Hopkins, que consegue sempre transitar entre entre momentos de aparente lucidez e outros em que se nota que está completamente perdido e não sabe o que está a acontecer à sua volta. Para o acompanhar, na maior parte da sua jornada, temos Olivia Colman que também tem um grande desempenho.
          É verdade que “O Pai” não é propriamente chamativo mas, quem lhe der uma oportunidade, pode ficar agradavelmente surpreendido.

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