07/04/2017

Ghost in the Shell - Agente do Futuro (Ghost in the Shell - 2017)



Quando soube da adaptação de Hollywood desta série e filme japoneses, fiquei contente mas, ao mesmo tempo, apreensivo. O material de origem é, sem dúvida, bom o suficiente para criar um grande filme, mesmo tendo já passado algum tempo desde que o vi. Mas, por outro lado, este tipo de adaptações não costumam ser bem tratadas pelos grandes estúdios, que preferem transformar qualquer coisa interessante na mesma mistela sem sabor. Podia-se começar por falar do casting maioritariamente caucasiano, com o papel principal a ir para Scarlett Johansson, no entanto o motivo é fácil de explicar: é preciso ter uma cabeça de cartaz para atrair o povo às salas de cinemas.
Num futuro onde os melhoramentos cibernéticos ao nosso corpo se tornaram comuns, surge Major, a primeira da sua espécie, um cérebro humano implementado num corpo completamente artificial, tornando-a na arma perfeita. Mas, nesta sociedade, nem tudo é o que aparece ser e Major começa-se a interrogar sobre quais as suas verdadeiras origens.
Infelizmente, muitos dos meus receios se concretizaram. Temos um filme que, embora muito bonito, na história deixa a desejar. Sim porque, em termos visuais, temos aqui um grande filme. A cidade futurista está com muita cor e detalhe (e, por isso, mesmo fazem questão de nos a mostrar várias vezes) mas, mesmo assim, há algumas situações em que parece que os efeitos não foram acabados - são momentos raros mas acontecem. Isto entra de acordo com o que o realizador Rupert Sanders nos habituou com “Branca de Neve e o Caçador”.
O argumento é que deixa a desejar. Desde o início que se sabe o que vai acontecer, por isso, não há nenhuma surpresa que valha a pena. É a história habitual em que alguém não tem memória do seu passado e, à medida que o vai desvendando, descobre que a sua origem não é como lhe foi dito. E é uma pena ter sido assim, pois o modo como criaram o mundo foi muito bom e podia ter sido melhor aproveitado.
Scarlett Johansson já provou que consegue ser a cabeça de cartaz de um filme de ação mas aqui não está no seu melhor. É verdade que tem de interpretar um “semi-robot”, mas, mesmo assim, podia haver uma caraterização melhor. E mesmo as suas relações com as outras personagens não são muito interessantes, isto tirando a sua cumplicidade com o seu parceiro Batou (que deve ser a melhor personagem de todo o filme).
"Ghost in the Shell - Agente do Futuro" não é uma desgraça, é um filme que se vê bem mas, tendo uma grande base a adaptação, não foi muito bem conseguida. Que isto não seja um entrave para estas adaptações de animes mas sim uma lição de como os fazer melhor.

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